quarta-feira, 3 de abril de 2013

Primeiro dia de aula

Camilo é um homem esbelto, e embora sua pouca vaidade, procura com pequenos gestos e sua voz forte e firme deixar sua marca por onde passa.
Naquele terça-feira, Camilo falava sobre coisas usuais com seus amigos da faculdade quando de repente vê passar uma mulher. Ele a acompanha com um olhar e de repente a vê entrar na mesma sala que a sua.
Já sentados, o professor chega e a aula começa, mas ele pouco consegue acompanhar aquele blablablá de mais um primeiro dia de aula, em que o professor explica um monte de coisa que ele tem certeza que não precisa saber.
Fato é que seu olhar, seus sentidos, só conseguiam acompanhar os movimentos dela.
Calça jeans, moletom, tênis e aqueles óculos de armação preta que perfeitamente enfeitavam seu rosto, era isso que atraía sua atenção. Era ela. Mas quem era ela?
Quando o professor, finalmente, diz aquelas palavras mágicas "vamos para o intervalo", ela sutilmente caminha até a mesa do professor, se curva para falar algo, e Camilo se aproxima, como se quisesse se oferecer para ajudar, mas na verdade ele queria mesmo é ser notado.
Eles passam o intervalo conversando e de repente se veem amigos, ela lhe conta sobre seu namorado, sua viagem para o exterior e sobre os dias que não irá a faculdade, pedindo quase que suplicantemente:
_ Poderei pegar seu caderno quando voltar?
Ele sequer pisca para responder:
_ Não tenha dúvidas.
Dayane, ou Day como preferia ser chamada, era uma mulher de média estatura, pele clara, cabelos escuros, olhos eclipsantes capazes de iluminar caminhos, irradiava beleza, sedução e ternura. Tinha um jeito de falar cheio de vícios aprendidos com as novelas que gostava de assistir, e nem seus gostos musicais eram capazes de fazer Camilo ter menos interesse por aquela mulher.
Mas saber de seu namoro de tantos anos fez com que Camilo recuasse e se contivesse com a sua amizade, ele apenas não queria ser privado da presença dela e por isso se ofereceu para ajudá-la no que ela precisasse:
_Olha, aqui tem o meu e-mail, e meu telefone. Caso queira que eu te envie algo, durante esse tempo é só me escrever ou me ligar.
Ela não escreveu, e claro, também não ligou.
Viajou para algum lugar do hemisfério norte que ele não sabia ao certo explicar, e com o passar dos dias ele nem tinha o que explicar. Ele simplesmente adormeceu seus sentidos e esquecia-se de lembrar daqueles momentos.


Vanessa
abr/2013

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