terça-feira, 6 de agosto de 2013

Da Prevalência

"A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-se mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós." (Jane Austen)

Prevalência é aquela ação, aquela palavra que sabemos o que significa mesmo antes de conhecermos as letras que a compõem. É aquela palavra que faz os nossos pais tratar-nos, seus filhos, de maneira diferente, e ainda assim dizer que trata a todos como iguais. Isso porque prevalência não é prioridade, aliás, sugiro que onde há prevalência a prioridade vira as costas e se vai, sem olhar pra trás.

A prioridade nos faz vaidosos, e nos mantém neste estado de exclusividade eterna até que alguém estoure a bolha e nos diga em alto e bom tom "apesar de você". E como numa relação entre dominador e dominado, o ser (ou objeto) a quem se destina a prioridade, pode, facilmente, deixar de sê-lo em detrimento da existência de um novo ser (ou objeto), ou seja, torna-se substituível.

A prevalência, por sua vez, nos torna relevantes! Agir de forma a prevalecer o outro, não significa colocá-lo numa redoma de vidro e (sobre)viver como se tudo na sua vida fosse este outro, isso é pura vaidade. Prevalência é outra coisa!

Prevalência é mostrar ao outro que "apesar de" tudo o mais: você é relevante, você é prevalente. E isso não se mostra nas grandezas, se mostra no pequeno, naqueles gestos que os apressados não veem, naquelas atitudes que os ansiosos teimam em acreditar não existir.

E desta forma, prevalecer sobre o outro não significa substituí-lo, mas significa compô-lo, significa somar e dividir tudo o que tangencia nesta relação entre o ente a quem origina a ação prevalente e o ente a quem destina a prevalência.

Luto, desde sempre, por ser prevalente a todos quanto se encontram na minha vida, e ainda que decidamos por caminhos diferentes, que ambos saibamos que fomos prevalentes, assim, mutuamente prevalentes.


E assim é.

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